Liberdade de Expressão?

"O que constituiria a nossa liberdade de expressão? Escrever sobre o que vemos ou sobre o que sentimos? Uma coisa é certa: as palavras nem sempre significam o que queremos que elas signifiquem."

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Roubo da Calmaria de um Moribundo

Não consigo parar de andar
Por entre as fibras tortas dessa folha seca
Sinto os espinhos de um outro jardim
Machucarem a minha rosa

A calmaria que conseguia no fim da tarde
Fora violentada pelo desejo de ver a lua mais cedo
E o meu coração sangra com a tua despedida

Não ouso ao menos pensar em deixar um porta-retrato vazio na estante
Pois ainda continuo trancado nesse quarto escuro
Talvez, esperando um bilhete por debaixo da porta

Meus segredos foram violados
Agora eles vivem por entre as árvores
A murmurar solto ao vento a história de um moribundo apaixonado
Um pobre coitado! Talvez, somente, um sonhador...!

Minhas mãos estão presas ao toque que passou
Meu corpo, no suor que derramamos em noites gélidas
E minha boca ainda implora por um sussuro aos teus ouvidos

Luto pra não perder o foco
Mas me distraio com suas mãos
Sentindo-as num toque danificado de uma falsa perfeição
Somente vagos espaços de minha consciência...

Me silencio emquanto rasgo os fios que te cobrem
Desconstruindo a cena que criei em nosso jardim
E aí começamos do 'um'
Sem pressa pra chegar no infinito

Recriando e criando
Só pra ter a louca sensação
De estar entre o inferno e o paraíso
Do novo e do novamente

Vejo em que me roubaste o fim da tarde
E, antes de retomar minha eterna calmaria, descubro,
A tiro certo, o balanço de uma infinda música
Acompanhar os passos dos amantes
Na ladeira das fibras tortas de uma folha seca... 

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