Liberdade de Expressão?

"O que constituiria a nossa liberdade de expressão? Escrever sobre o que vemos ou sobre o que sentimos? Uma coisa é certa: as palavras nem sempre significam o que queremos que elas signifiquem."

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Desconstruindo a Cena

Tome conta dos teus espinhos
Tente resgatar uma flor perdida entre eles
E, então, o tempo definirá o que será do meu coração

Estou numa performance eterna
De um espetáculo misto de cenas improvisadas
Mas, no palco, existe este ato que se repete por trás das cortinas
De mim e você juntos segurando nosso coração

Mas, a sequência parece se perder entre vozes perdidas
E só consigo encenar um beijo na varanda,
um olhar tropeçado no desejo de sentir a música
Levar nossos corpos para a reparação do erro te deixar ir
Porque tocar seu corpo ainda é ouvir a mais bela canção

E mesmo que em posse do vago
Meu coração não palpitar pelas lembranças que o pintam
Será somente parte do show
Pois, eu amo você

Eu amo você
E essa é a verdade que se esconde por trás da máscara,
Maquiada pela beleza de um sorriso
Um sorriso descrito no roteiro de um romance sem fim.

O Roubo da Calmaria de um Moribundo

Não consigo parar de andar
Por entre as fibras tortas dessa folha seca
Sinto os espinhos de um outro jardim
Machucarem a minha rosa

A calmaria que conseguia no fim da tarde
Fora violentada pelo desejo de ver a lua mais cedo
E o meu coração sangra com a tua despedida

Não ouso ao menos pensar em deixar um porta-retrato vazio na estante
Pois ainda continuo trancado nesse quarto escuro
Talvez, esperando um bilhete por debaixo da porta

Meus segredos foram violados
Agora eles vivem por entre as árvores
A murmurar solto ao vento a história de um moribundo apaixonado
Um pobre coitado! Talvez, somente, um sonhador...!

Minhas mãos estão presas ao toque que passou
Meu corpo, no suor que derramamos em noites gélidas
E minha boca ainda implora por um sussuro aos teus ouvidos

Luto pra não perder o foco
Mas me distraio com suas mãos
Sentindo-as num toque danificado de uma falsa perfeição
Somente vagos espaços de minha consciência...

Me silencio emquanto rasgo os fios que te cobrem
Desconstruindo a cena que criei em nosso jardim
E aí começamos do 'um'
Sem pressa pra chegar no infinito

Recriando e criando
Só pra ter a louca sensação
De estar entre o inferno e o paraíso
Do novo e do novamente

Vejo em que me roubaste o fim da tarde
E, antes de retomar minha eterna calmaria, descubro,
A tiro certo, o balanço de uma infinda música
Acompanhar os passos dos amantes
Na ladeira das fibras tortas de uma folha seca... 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Psique

O que há de diferente no breu da arca voadora?
A princípio não seria essa a pergunta
Mas a leveza com que a mão conduz as palavras
Para rabiscar um quadro em branco
Faz parecer moldura única

Como descrever aquilo que não está diante de um espelho?
Como cantar uma música sem a letra de uma frenesi dejá vù de palavras?
Como lidar com o novo que é o velho que se renova ou...
Como se lapidar a alma?

O que há de mais azul no céu de hoje
Não explica por que as nuvens tentam escondê-lo
Dos olhos de um apaixonado
E, no entanto, são os olhos do discreto observador que traz a tona a agressividade da verdade

E quanta poesia pra relatar um simples nimbo
De emoções...
De sentimentos e delírios...
De boemia de um bobo vaga-lume
A valsar perigosamente atrás de uma vampe

O que há de diferente no bréu da arca voadora
Se traduz no canto lírico da paixão,
Naquilo que se esconde do espelho sempre vigiado por um discreto obserador,
Que, apesar do dejá vù de palavras, sempre forma o novo que é o velho que se renova numa próxima estação dos mesmos sentimentos
Pois, afinal, é assim que se lapida a alma 
Simplesmente, com o amor.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Transgressor do Amor

Por que me olhas assim?
Olhar caro, esnobe, debochado...
Escrupoloso e essencial.
Olha sedutor.

Por que me olhas assim?
Olhar mentiroso e revelador
Oh! Dicionário irônico...
Encantador!

Por que ages como se soubesse?
Do meu amor sincero...
Do meu olhar secreto.

Por que me olhas assim?
Como se eu fosso o "por que" ou...
Um transgressor do amor.

Push the Night

Olha para o céu. Veja as estrelas.
Olhe para o céu. Veja o mundo.
Um espelho, um reflexo.
Olhe para o céu e veja.

A lua encoberta por nuvens negras.
Descarregue logo.
O mundo em seu retrato perfeito.
Um espelho, um reflexo.

Noite fria. Amantes caros.
Afinal, o que seria a noite?
Passos lentos e machucados.
Olhe nos seus olhos e veja.

A culpa da sua incondicional imposição
É o reflexo de sua total incapacidade.
Por que a noite é curta e fria.
Amantes são caros. Porque o por que é difícil dizer.

Olhe nos seus olhos, transmita a condição
Veja o tempo e a noite imperdoável
Em que os amantes correm da separação
E a fidelidade é motivo inquestionável.

Olhe o seu coração e diga a ele tudo que guarda.
Não minta. A perfeição é o céu da noite estelar.
Deixe esse eclipse passar e chore, grite pro mundo!
Olhe o seu coração e diga. Diga "eu te amo".

Porque o por que já se fora dito!

Caminhar de Botas e Espelho

          E se estivesse ao meu alcance eu não exitaria, não deixaria acontecer. Mas eu estou doente, não me reconheço, ou, mesmo, ouso dizer que nunca me conheci. Me perco agora nas palavras, como se a tinta da caneta fosse fraca ou não bastasse para marcar o que o coração expulsa.
          Esse balanço, essas batidas e essa voz queimam a minha razão. Não sei agir porque não está ao meu alcance. Para onde foram os meus escárnios, os meus fingimentos, as minhas botas? Será que essa transparência só pode ser vista pelo meu espelho?!
          A verdade parece estalar no compasso dessa música que é o balanço a batida e a voz. me perco em mim mesmo, como se estivesse entre árvores alinhadas e eu fosse também uma árvore, mas não alinhada, sempre fora do que me impõem, à margem do rio de aparências - do mundo.
          E se estivesse ao meu alcance eu não exitaria em correr, mas eu estou doente, minhas pernas não mexem e meus pés queimam com o toque do chão. Sinto-me fraco perto da tua música e o que está ao meu alcance não chega perto da tua sombra. O que posso fazer, então, é apenas viver com minhas botas e meu espelho, sem esperança de alcançar e não exitar.